terça-feira, 15 de maio de 2012

Sobre o Olhar


O ser humano é um ser visual. A visão é o sentido mais desenvolvido do homem, e nós, mais do que todos os outros animais, dependemos desse sentido. Enquanto é normal pedir por silêncio, pedir para que as pessoas fechem os olhos é aceitável em poucas ocasiões... Muitas delas muito íntimas. Essa é outra evidência de que, na nossa cultura, a visão não só é importante, porém íntima e crucial para as relações sociais.

Todo ser humano julga outro ser humano baseado na aparência: Se algo lhe apetece, se algo causa repugnância; Se algo causa pena, ou admiração. Tudo isso é decidido em segundos, através do olhar e de valores culturais, pré-estabelecidos. Mais além: com base nessas informações, formamos uma opinião completa e criamos uma personalidade para essa pessoa que nunca vimos antes. Essa capacidade humana, tão próxima do preconceito, é completamente baseada no olhar.

Esse olhar, que parte corações e põe fim a guerras! Certas pessoas travam diálogos filosóficos apenas com os olhos, certas de que seu interlocutor entende cada particularidade do argumento. Certos olhares, tão carregados de sentimento, podem ser um tornado devastador. Outros podem ser uma brisa reconfortante, capaz de levantar o mais deprimido dos ânimos. Tal é o poder da visão que ela leva a outros sentidos. Em certos momentos, o olhar pode vir acompanhado de uma sinfonia perfeita, ou de um trovão retumbante. E quando ele quer dizer mais do que os sentidos podem expressar... 

O olhar que antecede o beijo, o olhar que clama por amor. Sentimentos tão poderosos, tão colossais que, quando não há mais nada que possa ser dito com palavras, eles se expressam com os olhos...  É costumeiro dizer que os olhos são as janelas para a alma. Pelo contrário: a alma é uma janela. A janela para o que há de mais profundo no ser. E cabe a nós ver através do óbvio e do aparente, e adentrar esse plano inexplorado. Pois os olhos... Os olhos são as janelas da alma.